NA PRIMEIRA vez que Sancho Pança é citado no livro de Miguel de Cervantes, é descrito como “um homem de bem mas de muito pouco sal na moleira”. Acho profético o termo “homem de bem”. A voz cética da cultura paira sobre os dias loucos de hoje. Retratando um personagem realista ─ e leal ─ em contraste com a loucura idealista de Dom Quixote, em aventuras onde realidade e fantasia se misturam na luta contra as injustiças do mundo. Há quem diga ser Sancho o protagonista que “cria” Dom Quixote para lidar com esse mundo insano.
Assim me vejo diante da prefeita Suellen Rosim com meus singelos cartuns. Tudo o que faço é meio parecido com as frases ditas por Sancho Pança afim de acordar seu senhor de suas alucinações. Fico entre o risco de ser envolvido por loucos que influenciam Milady Suellen Rosim, e a vontade de servir fielmente aos mesmos desejos que temos por uma sociedade melhor. Mas acredito que Milady Suellen vale o risco.
Milady é um encanto e um mistério como a princesa, ou lavradora, ou imaginária Dulcinéia del Toboso, idealizadas pela dupla de Cervantes. Na minha idealização gosto de a ver com a devida atenção. Atenção que é a “oração natural da alma” e o que leva naturalmente a “dedicarmos trabalho ao que amamos”. Trata-se portanto de uma inspiração produtiva. Assim como deve ser toda inspiração de uma sociedade que ama a cidade com o cuidado, responsabilidade, respeito e conhecimento que devemos à ela.
Milady Suellen: Princesa, lavradora, imaginária
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